O que são doenças imunológicas
De uma forma geral, as doenças imunológicas são doenças em que o sistema imune está diretamente associado às manifestações clínicas que o doente apresenta. Embora esta definição possa ser tão abrangente que englobe inúmeras doenças, o IMEI dedicará a sua atenção a essencialmente quatro grupos de doenças:
- Doenças autoimunes (DAI): conjunto vasto de doenças que podem ser específicas de um órgão, como as envolvendo a tiróide (tiroidites), o pâncreas (diabetes mellitus tipo I), a pele (psoríase, eczema atópico), o olho (uveítes), os intestinos (colite ulcerosa, doença de Crohn) entre outros, e sistémicas, como o lupus eritematoso sistémico, a artrite reumatóide, a síndrome de Sjögren e a esclerodermia, entre outras.
- Imunodeficiências: patologias que podem ter etiologias muito diversas e que culminam na diminuição da atividade do sistema imune; deste conjunto de doenças o IMEI debruçar-se-á sobretudo sobre as imunodeficiências primárias e os estados de imunossupressão secundários a fármacos, como os que se usam para tratar várias doenças autoimunes
- Síndromes autoinflamatórios: doenças caracterizadas por episódios recorrentes de febre e outros sinais de inflamação sistémica, como a febre mediterrânica familiar, entre outras.
- Doenças alérgicas: correspondem a uma reação exagerada do sistema imunológico a substâncias habitualmente inócuas (reações de hipersensibilidade). Podem afectar vários órgãos específicos e de forma isolada (vias aéreas, pele, sistema digestivo) ou ser generalizadas (como a anafilaxia), podem provocar reações imediatas (logo após contacto com o alergénio) ou tardias (após vários dias). Podem ser ligeiras ou potencialmente fatais.
Pela sua natureza, estas doenças são abordadas por diversas especialidades médicas, como a Medicina Interna, Pediatria, Reumatologia, Dermatologia, Imunoalergologia, Neurologia, Endocrinologia, Gastroenterologia, Oftalmologia, entre outras, sendo essencial, em muitos doentes, uma abordagem multidisciplinar.
O que é o Sistema Imunológico
O sistema imunológico é constituído por múltiplas células (p.ex. linfócitos, neutrófilos), anticorpos e citocinas e tem um papel fundamental no combate às infeções e na vigilância e prevenção do desenvolvimento de cancros.
Quando existe um défice de algum dos componentes do sistema imune - imunodeficiência – ocorrem infeções repetidas e/ ou por agentes não comuns, conhecidas por infeções oportunistas.
O sistema imunológico pode agredir orgãos do próprio organismo, causando as chamadas doenças autoimunes.
Em outras pessoas a deficiência ou alteração de algum componente do sistema imunológico, promove episódios de inflamação recorrentes – síndromes autoinflamatórios. Em outros casos surge uma resposta exagerada a compostos inofensivos como os pólenes, ácaros, pêlo de gato, alimentos, medicamentos, entre outros- doenças alérgicas
Que fazer quando se tem a suspeita de uma doença imunológica?
Em primeiro lugar, é fundamental o correto diagnóstico por um médico experiente e diferenciado nesta área, através de uma cuidadosa entrevista clínica e a realização de exames clínicos complementares, em particular laboratoriais e de imagem.
Devido à natureza sistémica destas doenças, é frequentemente necessária uma abordagem multidisciplinar e discussão entre vários médicos de diferentes especialidades – consulta de grupo – com o objetivo de definir o correto diagnóstico e a melhor estratégia terapêutica possível.
Que tratamentos existem para as doenças imunológicas?
Existem várias terapêuticas disponíveis para o tratamento das doenças autoimunes, dependendo da doença específica, da sua gravidade e das características do doente. Podem-se agrupar da seguinte forma:
- Terapêutica imunomoduladora: Imunoglobulinas; Hidroxicloroquina e outros anti-maláricos, Sulfassalazina, entre outros;
- Terapêutica imunossupressora: : Corticosteróides, Metotrexato, Leflunomida, Azatioprina, Ciclofosfamida, Ciclosporina, Tacrolimus, entre outros;
- Terapêutica biológica e biotecnológica: : Inibidores TNF (Etanercept, Adalimumab, Infliximab, Golimumab), inibidor IL-12/23 (Ustekinumab), inibidores IL-17 (Secukinumab, Ixekizumab, Brodalumab), inibidor IL-6 (Tocilizumab), depletor de linfócitos B CD20 (Rituximab), inibidor do fator de crescimento de linfócitos B – BAFF (Belimumab), inibidor IL-1 (Anakinra, Canakinumab), inibidor IL-4 e IL-13 (Dupilumab), inibidores da JAK (Tofacitinib, Baricitinib), etc.
Nas imunodeficiências primárias está indicado na maioria dos casos o uso de imunoglobulinas (anticorpos), para além da prevenção das infeções com antibióticos.
O transplante de medula óssea pode ter indicação nalgumas situações das doenças imunológicas.
Nas doenças alérgicas respiratórias é possível fazer tratamentos imunomoduladores designados como imunoterapia especifica (vacinas anti-alérgicas)
Todos estes tratamentos devem ser prescritos e geridos por profissionais com experiência no seu uso, de forma a serem minimizados os efeitos laterais e evitadas as complicações.